terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sobre os chumbos



Agora que pela mão da ministra, Isabel Alçada, voltamos a falar do valor pedagógico da reprovação [PSD, CDS-PP, PCP] importa lembrar que embora não seja necessário inventar o que já existe, a tentativa de um copy paste à la nórdica chocaria com a realidade da educação portuguesa. Isto já para não falar que a fórmula do chumbo só por si não têm nada de pouco pedagógico, desde que os casos sejam sujeitos ao acompanhamento devido. Menos pedagógico [e muito menos justo] será deixar que um aluno, que por qualquer razão não tenha atingido as metas de aprendizagem, transite de ano aumentando cada vez mais a lacuna de conhecimentos entre colegas e a própria matéria. Claro está que tudo isto é conversa se não houver um acompanhamento efectivo e proporcional.


De pouca monta será também o argumento pecuniário dado que devemos estar atentos ao preço por aluno e à redução dos custos, mas não podemos pôr um preço na educação desse mesmo aluno. Até porque 600 milhões de euros na educação batem de longe outros gastos que se vêem por aí. Este será até um caso em que um maior investimento preventivo no aluno provocará uma redução dos factores que levam à maior despesa, eliminando desta forma tal argumento.

Dos chumbos ninguém gosta. Só que o verdadeiro problema não é eles existirem, é eles acontecerem. Antes de dar um salto maior que as pernas, percamos mais tempo a considerar indicadores como as médias negativas dos exames nacionais, e menos tempo a olhar para indicadores que sofreram numa ou noutra altura  processos de cosmética, potenciais geradores do novo adulto português qualificado e incompetente. Embora seja reconhecidamente uma característica da governação PSócratista, nisto não basta parecer, é mesmo preciso ser.

 
[Imagem retirada de AirGun.com.br]

1 comentário:

Jacinto França disse...

Super perigosa esta nova proposta. Nós (portugueses) não temos uma cultura de trabalho. Temos uma cultura de quanto menos trabalho melhor. E é por isto que o modelo nórdico levaria a uma catástrofe no ensino. Muita gente diria mesmo a maioria, não se esforçaria para passar de ano.