sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril

· O filme do golpe de Estado - No regimento de Engenharia 1 da Pontinha, Otelo, Jaime Neves e Garcia dos Santos ultimam os preparativos para a instalação do posto de comando do previsto golpe de Estado (23 Abril).

[Plano Geral das Operações de Otelo Saraiva de Carvalho: 1; 2; 3.]

· Tomás inicia, às 22 horas do dia 24 de Abril, a última visita oficial, à Feira das Indústrias. · Às 22 horas e 55 minutos transmite-se a senha para o desencadear do movimento através dos Emissores Associados de Lisboa: a canção de Paulo de Carvalho E depois do adeus.


· Às 0 horas e 25 minutos, a Rádio Renascença emite a canção de José Afonso Grândola Vila Morena, senha confirmadora do movimento,

· Às 0 horas e 25 minutos começam as movimentações das forças revoltosas.

· Às 3 horas, ocupação do Rádio Clube Português, da RTP, da Emissora Nacional, do Aeroporto de Lisboa, do Comando da Região Militar de Lisboa, do Quartel Mestre General e da Rádio Marconi, por forças do Batalhão de Caçadores 5 e da Escola Prática de Administração Militar, do Lumiar.

· Às 4 horas e 30 minutos, o Rádio Clube Português emite o primeiro comunicado do MFA, a partir do Posto de Comando, situado na Pontinha.

· Às 5 horas e 30 minutos chegam ao Terreiro do Paço os blindados da Escola Prática de Cavalaria de Santarém comandados pelo capitão Salgueiro Maia, começando a ocupação dos ministérios. À mesma hora, outras tropas aderentes ao movimento, vindas de Vendas Novas e Estremoz, ocupam posições junto ao Monumento do Cristo Rei, em Almada.




· Às 7 horas e 30 minutos, novo comunicado do MFA, explica que o movimento visa a libertação do País do regime que há longo tempo o domina.
· Às 8 horas, uma coluna do regimento de Cavalaria 7, da Ajuda, vai para a zona do Cais do Sodré, a fim de fazer render as forças revoltosas. Retiram-se às 10 horas da manhã.
· Às 11 horas, forças revoltosas comandadas por Salgueiro Maia chegam ao Largo do Carmo e são logo fechadas as portas do quartel da GNR, onde, de forma absurda, se refugiara Marcelo Caetano.

· Às 15 horas, são disparados os primeiros tiros sobre o quartel, por não ter havido resposta ao ultimato de rendição.
· Às 15 horas e 30 minutos começa a movimentação de intermediários entre Marcelo e Spínola, visando a entrega do poder. Destaca-se o secretário de Estado da informação e turismo, Pedro Pinto, bem como os seus colaboradores Feytor Pinto e Nuno Távora.
· Às 16 horas, Salgueiro Maia entra no quartel e conversa com Marcelo Caetano.
· Às 18 horas o general Spínola chega ao quartel do Carmo.
· Às 19 horas e 30 minutos, Marcelo Caetano e os ministros que o acompanham são metidos dentro de uma Chaimite e conduzidos ao quartel da Pontinha.
· Os regimes, em Portugal, caem de podre porque, muitas vezes, ultrapassam todos os prazos de validade que lhe garantiam autenticidade. Só que a apatia e o indiferentismo, gerados pelas manobras da elite no poder, lançam o colectivo numa inércia cobarde, inversamente proporcional ao activismo do oposicionistas, cujo vanguardismo, marginal face à opinião pública, resulta, precisamente, da frustação de não se sentirem, entre ela, como peixe na àgua.
· Com data desse dia, são emitidos vários diplomas destituindo o Presidente da República e o Presidente do Conselho de Ministros, dissolvendo a Assembleia Nacional e o Conselho de Estado, exonerando os governadores civis, extinguindo a DGS, a Legião Portuguesa e a Acção Nacional Popular.
· No dia 26 de Abril, à 1 hora e 30 minutos é lida, através de um directo da RTP, a proclamação da JSN. Esta e os dirigentes do MFA instalam-se na Cova da Moura, onde, até então, funcionava o Secretariado da Defesa Nacional.
· Às 7 horas e 30 minutos sai do aeroporto de Lisboa um avião com destino à Madeira, para onde seguem Américo Tomás, Marcelo Caetano, Silva Cunha e César Moreira Baptista.

· Há várias manifestações de apoio ao MFA e é intensa a perseguição a agentes da DGS. Amnistiados crimes políticos. O entusiasmo adesivo leva a que uma anedota considere que afinal só havia quatro fascistas em Portugal: os líderes desterrados para a ilha da Madeira.

[Fonte: Tradição e Revolução, Uma biografia do Portugal Político do século XIX ao XXI, Volume II, por José Adelino Maltez]

Afinal, ficaram os não fascistas...

O Presidente da República, António de Spínola com os membros do I Governo Provisório, após tomada de posse do elenco ministerial.

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