quinta-feira, 9 de julho de 2009

Duplicidades


O secretário-geral do Partido Socialista, José Sócrates, e os presidentes das federações distritais determinaram hoje, numa reunião não divulgada previamente, que os candidatos a presidentes de câmara não se devem candidatar em simultâneo a deputados na Assembleia da República.” Público [03-07-09]

Esta decisão veio na senda da orientação anunciada pelo PSD em Dezembro último, e já serviu de mote para o reavivar de algumas altercações: Manuel Alegre a tomar posição contra a dupla candidatura de Ana Gomes e Elisa Ferreira, e dramas subsequentes; O afinca pés de Elisa Ferreira [1; 2] ; Os devaneios de Sónia Sanfona e de Leonor Coutinho, ambas “partes interessadas”no processo e a hipocrisia de Ana Gomes [aqui] .

Ser-se duplo candidato é algo contraditório à democracia. Digo isto sem pensar na luta contra o carreirismo político de alguns, até porque não sou contra a carreira política em si, ou sem pensar no apelo á transparência, pois a dupla candidatura não exclui a total transparência. Pegando no exemplo socialista, temos Elisa Ferreira eleita para o Parlamento Europeu [ou Ana Gomes], que sem sequer esquentar o rabiosque em qualquer cadeira, já só fala em sair de lá para o Porto. Para além do óbvio, ou seja, o mandato que lhe foi confiado pelos eleitores ser igual ao litro, com este tipo de situação podemos falar em tentativa de manipulação da democracia. Isto no sentido em que um determinado candidato(a) pode ser usado para engrossar o número de votantes [através da sua imagem] de um partido, sem ter qualquer pretensão de ocupar o cargo [do género Saramago para o PCP]. Algo que a bem dizer é defraudar as expectativas dos eleitores.

Ao invés de me alongar pelos demais problemas das duplas candidaturas, prefiro falar nas razões que levaram os dois maiores partidos da oposição a optarem por esta via.
Do lado do PSocratismo o precipitar desta situação, certamente deveu-se à derrota nas europeias e á ideia de que a sombra de uma dupla candidatura, prejudicaria o desempenho eleitoral. Especialmente se tivermos em conta a orientação do PSD.
Do lado do PSD, Manuela Ferreira Leite é o suficientemente esclarecedora: “em democracia, dada a proximidade das eleições, não era possível outra atitude” [do PS]. Que é como quem diz: “estão muito seguidas, as eleições, nota-se muito.”. Enfim… já Paulo Rangel tinha dado o ar de sua graça… [Os políticos da treta: Ex. Rangel]

Sem comentários: