Está na boca dos candidatos à liderança do PSD, está na boca do primeiro-ministro e do PS no geral, ou não estivéssemos perto de um período eleitoral. A fragilidade do nosso tecido social é produto de um desprezo político continuado por tais questões. Fascinados pelo combate ao desequilíbrio orçamental, estes sucessivos governos, têm vindo a menosprezar aquele que é o cerne da questão sobre o desenvolvimento socio-económico português (e qualquer outro). Empenhados em remendar problemas aqui e ali, naquele que é um verdadeiro “regime dos tapa buracos “, falharam em proporcionar um clima favorável à criação de uma sociedade vibrante, essa sim a base de uma economia saudável e produtiva. Sempre se encarou o investimento social como algo que advinha de uma boa base económica e financeira, no entanto, falhamos em perceber que para que possa ser atingida essa base, o desenvolvimento social tem que acompanhar a par e passo de evoluções noutros campos, sob pena de estabelecer as “fundações” do próprio Estado sobre areias movediças.
O PSD empenha-se em pôr as culpas no actual governo – ou no governo de Guterres – porém quando lhe convêm, apressa-se a vir relembrar que nestes últimos anos o PSD governou mais; por sua vez o actual governo concentra as baterias nos governos do PSD, esquecendo-se destes últimos anos de uma política de “rigor”, onde o carácter humano foi posto de parte. Com tanto empurra para aqui e empurra para ali, perde-se a consciência de que não interessa onde começou o problema, interessa sim como faremos para resolve-lo. O jogo das culpas raramente surte efeitos e nunca apresenta resultados, no entanto na lógica eleitoral é tido como produtivo o apontar de dedos, o jogar com a pouca ou nenhuma memoria do eleitorado. O facto é que nem PSD, nem PS, avançam com soluções, mantendo-se ambos na lógica que sempre vigorou, a de resolver por fora o que por dentro está estragado.
Temos que resolver a grave crise social que o país atravessa. Pois bem… como fazê-lo? Que tal umas políticas de circunstância? Uma redução de um por cento de um IVA, já de si ultra inflacionado e que sempre foi transitório… Um congelamento dos passes sociais; Lisboa e Porto, claro está… porque o resto do país não sofre com a subida dos preços… não é significativo o aumento. Que tal umas ajudas às PME’s… ajudas é uma palavra muito forte… uns adiantamentos dos dinheiros comunitários – que já eram delas - talvez isso compense o facto de o Estado ser um dos maiores devedores. Ou porque não um aumento de 25% no abono de família – nos primeiro e segundo escalões – para dar uma ajuda extra a quem precisa, uma ajuda que funciona mais no papel do que na prática… não interessa, olha as eleições… Não temos alternativa? Quem disse? Temos também que reduzir o peso do Estado… Mas e as medidas sociais? Estás surdo? Disse, temos que reduzir o peso do Estado. Já agora, essa coisa do serviço de saúde gratuito, também está mal… E temos que privatizar isto e aquilo…
"O PS e o Governo não estão a dormir", disse Mário Lino – “respondendo” a Mário Soares – Pois não, mas certamente estarão a sonhar, porque para a realidade portuguesa não estão a olhar. Estes últimos anos, de governo Sócrates, representam o governo da intransigência e dos técnicos. Foi exactamente a ideia de que os dados são pessoas, que falhou, neste governo. Na saúde, na educação, etc. Sócrates: “Quando chegámos, a situação social era muito desequilibrada, e por isso este Governo, sempre que houve possibilidade, canalizou os recursos disponíveis para minorar as desigualdades e acudir aos mais frágeis”. Foram tantos os recursos canalizados, que não me lembro de tê-los visto – por falha minha certamente – mas recordo-me bem de “rigor orçamental”, sacrifícios e cortes… enfim… tapa buracos. Lembro-me do simplex que foram as medidas tomadas, do simplex de uma visão muito sistemática e muito pouco abrangente, faltou foi o sanex da sociedade. Reformar isto, aquilo e aqueloutro… reformas de fachada que pouco dizem à consistência do que realmente o é.
E muito atentos que estamos às exportações. Não admira, pois internamente ninguém se safa. Estimular a economia de dentro para fora? Para quê? Isso vem depois e entretanto os portugueses vão ficando mais pobres e a economia mais fraca. É até bom usar como cartão de visita, a nossa mão-de-obra barata – como aliás já foi feito – estimula o investimento. Admita-se que o caminho mais fácil é o de cortar; corta quem não sabe fazer. A crise social resume-se no fundo a uma só palavra, segurança. O Estado falhou em proporcionar segurança e estabilidade aos cidadãos. Acontece que sem isso, nem mil reformas salvam o dia. O curioso é que no governo têm estado, ou o partido socialista, ou o partido social-democrata. Muito curioso, diria eu…
O PSD empenha-se em pôr as culpas no actual governo – ou no governo de Guterres – porém quando lhe convêm, apressa-se a vir relembrar que nestes últimos anos o PSD governou mais; por sua vez o actual governo concentra as baterias nos governos do PSD, esquecendo-se destes últimos anos de uma política de “rigor”, onde o carácter humano foi posto de parte. Com tanto empurra para aqui e empurra para ali, perde-se a consciência de que não interessa onde começou o problema, interessa sim como faremos para resolve-lo. O jogo das culpas raramente surte efeitos e nunca apresenta resultados, no entanto na lógica eleitoral é tido como produtivo o apontar de dedos, o jogar com a pouca ou nenhuma memoria do eleitorado. O facto é que nem PSD, nem PS, avançam com soluções, mantendo-se ambos na lógica que sempre vigorou, a de resolver por fora o que por dentro está estragado.
Temos que resolver a grave crise social que o país atravessa. Pois bem… como fazê-lo? Que tal umas políticas de circunstância? Uma redução de um por cento de um IVA, já de si ultra inflacionado e que sempre foi transitório… Um congelamento dos passes sociais; Lisboa e Porto, claro está… porque o resto do país não sofre com a subida dos preços… não é significativo o aumento. Que tal umas ajudas às PME’s… ajudas é uma palavra muito forte… uns adiantamentos dos dinheiros comunitários – que já eram delas - talvez isso compense o facto de o Estado ser um dos maiores devedores. Ou porque não um aumento de 25% no abono de família – nos primeiro e segundo escalões – para dar uma ajuda extra a quem precisa, uma ajuda que funciona mais no papel do que na prática… não interessa, olha as eleições… Não temos alternativa? Quem disse? Temos também que reduzir o peso do Estado… Mas e as medidas sociais? Estás surdo? Disse, temos que reduzir o peso do Estado. Já agora, essa coisa do serviço de saúde gratuito, também está mal… E temos que privatizar isto e aquilo…
"O PS e o Governo não estão a dormir", disse Mário Lino – “respondendo” a Mário Soares – Pois não, mas certamente estarão a sonhar, porque para a realidade portuguesa não estão a olhar. Estes últimos anos, de governo Sócrates, representam o governo da intransigência e dos técnicos. Foi exactamente a ideia de que os dados são pessoas, que falhou, neste governo. Na saúde, na educação, etc. Sócrates: “Quando chegámos, a situação social era muito desequilibrada, e por isso este Governo, sempre que houve possibilidade, canalizou os recursos disponíveis para minorar as desigualdades e acudir aos mais frágeis”. Foram tantos os recursos canalizados, que não me lembro de tê-los visto – por falha minha certamente – mas recordo-me bem de “rigor orçamental”, sacrifícios e cortes… enfim… tapa buracos. Lembro-me do simplex que foram as medidas tomadas, do simplex de uma visão muito sistemática e muito pouco abrangente, faltou foi o sanex da sociedade. Reformar isto, aquilo e aqueloutro… reformas de fachada que pouco dizem à consistência do que realmente o é.
E muito atentos que estamos às exportações. Não admira, pois internamente ninguém se safa. Estimular a economia de dentro para fora? Para quê? Isso vem depois e entretanto os portugueses vão ficando mais pobres e a economia mais fraca. É até bom usar como cartão de visita, a nossa mão-de-obra barata – como aliás já foi feito – estimula o investimento. Admita-se que o caminho mais fácil é o de cortar; corta quem não sabe fazer. A crise social resume-se no fundo a uma só palavra, segurança. O Estado falhou em proporcionar segurança e estabilidade aos cidadãos. Acontece que sem isso, nem mil reformas salvam o dia. O curioso é que no governo têm estado, ou o partido socialista, ou o partido social-democrata. Muito curioso, diria eu…