quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A quem pertence a dívida?


Numa altura em que o Governo apela à austeridade, e onde todos os dias somos bombardeados com noticias sobre o endividamento da população portuguesa, é importante ressalvar que o maior problema do estado português é o seu sobreendividamento,

Como cidadão eu tenho o direito de me endividar se eu assim o quiser. Eu como cidadão vou ao banco, e efectuo o contrato com o banco aceitando as condições que o banco me propõe. Neste contrato o Estado não tem qualquer papel activo. Mas quando é o estado que efectua um contrato com um banco, eu como cidadão tenho o direito de saber as condições, e o porque desse contrato, a que se destina, etc.

Quem esta na bancarrota é o Estado português, e não os seus cidadãos, como tal não entendo a razão pela qual o estado (Governantes) culpabiliza os cidadãos. O estado em vez de estar a tomar medidas que prejudiquem o cidadão, deveria tomar medidas para acabar com o despesismo do Estado. Mas este é um objectivo complicado, pois existem muitos cidadãos e empresas nacionais, que ganharam muito dinheiro à conta do despesismo do estado. Mas este tema fica para a outra semana. Nesta semana vou abordar a questão do despesismo do estado.

Hoje foi publicado uma notícia onde é divulgado que as instalações do SEF e da ANSR no TAGUS PARK, custam ao erário público 185 mil euros por mês (2.2 milhões de euros por ano) e que o contrato de arrendamento teria a duração de 10 anos, ou seja a empresa dona do edifício arrecadaria no fim dos 10 anos qualquer coisa como 22 milhões de euros. Este contrato foi assinado em 2008, portanto nesta altura já havia a crise no mercado imobiliário, embora a palavra Troika e austeridade estivesse ainda muito longe. O que eu pergunto e o que os portugueses deviam perguntar é como foi possível efectuar um contrato destes. Eu reconheço que as instalações, são excelentes, com uma boa localização, fácil acesso, etc. mas mesmo assim não justifica uma verba destas. Com tantos edifícios públicos que existem embora muitos deles estejam degradados, não seria mais logico aplicar esse dinheiro na requalificação desses edifícios e desta forma aproveitar o que já existe? Eu sei que a requalificação de um edifício antigo pode ficar mais caro do que construir um de raiz, é um facto. Mas pelo menos o problema da requalificação urbana começaria a ser resolvido. Ao invés de agora que gasta-se dinheiro e o problema mantem-se.

O Estado tem de ser gerido como uma empresa privada, no sentido em que a sua gestão não deve nunca ser deficitária, e os lucros devem investidos no bem comum. Será que os nossos governantes nunca foram sequer à primária e aprenderam que quando se gasta mais do que se tem, fica-se com valores negativos? Ou então não prestaram atenção na preparatória e acham que uma conta com dois números negativos como se anulam um ao outro fica positivo, deve ser por isso que a seguir a uma divida vem logo outra.

Eu como Português gostaria de saber qual o valor mensal que o estado gasta em alugueres tanto de edifícios como do parque automóvel. De certeza que é um valor absurdo, mas será que alguém no governo alguma vez pediu algo deste género, ou pior, se já alguém foi capaz de um dia entregar uma lista exacta e correcta destes valores?

O Governo Português, não deve tentar fazer dos portugueses burros, pois burros foram eles em efectuarem os negócios catastróficos que fizeram e agora vem nos pedir para pagar. Só que a estes somos “obrigados” a pagar. Num estado de direito e livre, onde está a justiça nisto? Onde estão os processos em tribunal por abuso de poder, e usurpação de bens públicos? Será por algum motivo que todos os últimos primeiros-ministros, foram para o estrangeiro? Recordo-me que este é o comportamento que os criminosos têm fugir do país onde cometeram o crime, para não poderem ser julgados.


Por Joaquim Pereira