quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Sobre a violência

1º Medidas, austeridade, sacrifícios, desespero…


2º Manifestação, luta, participação cívica…

3º Vandalismo, arremesso de pedras, incêndios em pneus e caixotes do lixo…

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1º Circunstâncias certas ou erradas (erradas mas enfim…) criadas ou empoladas pela classe política dominante.

2º Acção legitima da parte de qualquer cidadão que de uma maneira ou de outra pretendem deixar o seu cunho (concordando com eles ou não um cunho sempre positivo) no decorrer dessas mesmas circunstâncias, na tentativa de reposição daquilo que cada um considera ser o mais correcto, chamando à atenção dos “poderes decisórios”.

3º Cambada de ignorantes com grave falta de neurónios, que pela sua acção não dão inputs positivos para o primeiro ponto, e ridicularizam os esforços levados a cabo por aqueles que participam no segundo.


A todas as princesas que através de um comportamento violento participaram nos protestos, vocês:

- Não são corajosos, são claros cobardes;
- Envergonham Portugal;
- Não lutam por nada, brincam à testosterona acéfala;
- Tal como criancinhas que que não têm noção, devem deixar os adultos manifestarem-se.


Espero sinceramente que hoje estejam bem marcados das bastonadas da polícia.



Com os melhores cumprimentos,

Miguel A. Ferreira

  [Imagem retirada de noticias.pt.msn.com]

domingo, 7 de outubro de 2012

Que Alternativas?




O Governo de coligação PSD / CDS-PP está a passar o seu pior momento político. A meu ver, deve-se sobretudo à péssima capacidade de comunicação e falta de preparação no anúncio de algumas medidas.
Um dos mais claros exemplos desta incapacidade foi o anúncio do aumento da TSU, com o nosso Primeiro-Ministro a abdicar da utilização do teleponto. É um exemplo significativo daquilo que Eduardo Catroga designa de “Má Comunicação Politica”.

Perante esta dificuldade de comunicação que o Governo tem (e passar a mensagem é um dos pontos fundamentais para qualquer governante), seria de esperar uma oposição forte construindo um caminho alternativo ao que Pedro Passos Coelho percorre. Mas não é isso que ocorre, senão vejamos:
Temos um Bloco de Esquerda que prepara a sucessão de Francisco Louçã. A liderança bicéfala sugerida por Louçã não é do agrado de muitos bloquistas e é uma questão de tempo para que os confrontos internos comecem a surgir.
O PCP, apesar da sua estabilidade e da eterna ligação à CGTP, não apresenta alternativas viáveis.
Tanto PCP como Bloco insistem no “Rejeitar o Pacto de Agressão” ou “Romper com a Troika” e na demissão do Governo. A alternativa pára neste ponto, pois não se sabe como e onde Portugal se iria financiar… O que aconteceria depois de cumprirmos o chavão “FMI fora daqui”? Ninguém sabe e BE e PCP também não fazem muita questão de explicar…

Sobra o PS de Seguro. Seguro, esse, que tem sido uma desilusão para os seus militantes. Basta constatar a amargura dos jovens socialistas em terem um secretário-geral que não anima, não cativa e não transmite uma imagem de ser alternativa credível.
Para além de restituir o feriado no dia 5 de Outubro, o melhor que Seguro consegue fazer é imitar um slogan publicitário “a linha que separa…” e apresentar uma proposta para redução dos deputados na Assembleia?! (proposta essa que o PSD já há muito anda a estudar….).
“Rigor e disciplina orçamental”, “transparência”, “mais tempo para a consolidação das contas públicas” e mais um punhado de frases feitas não bastam para convencer os militantes, quanto mais a população portuguesa…

Daí o discurso de António Costa no 5 de Outubro, perfilando-se para assumir uma liderança no PS, que eu apostaria acontecer antes das próximas legislativas.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A quem pertence a dívida?


Numa altura em que o Governo apela à austeridade, e onde todos os dias somos bombardeados com noticias sobre o endividamento da população portuguesa, é importante ressalvar que o maior problema do estado português é o seu sobreendividamento,

Como cidadão eu tenho o direito de me endividar se eu assim o quiser. Eu como cidadão vou ao banco, e efectuo o contrato com o banco aceitando as condições que o banco me propõe. Neste contrato o Estado não tem qualquer papel activo. Mas quando é o estado que efectua um contrato com um banco, eu como cidadão tenho o direito de saber as condições, e o porque desse contrato, a que se destina, etc.

Quem esta na bancarrota é o Estado português, e não os seus cidadãos, como tal não entendo a razão pela qual o estado (Governantes) culpabiliza os cidadãos. O estado em vez de estar a tomar medidas que prejudiquem o cidadão, deveria tomar medidas para acabar com o despesismo do Estado. Mas este é um objectivo complicado, pois existem muitos cidadãos e empresas nacionais, que ganharam muito dinheiro à conta do despesismo do estado. Mas este tema fica para a outra semana. Nesta semana vou abordar a questão do despesismo do estado.

Hoje foi publicado uma notícia onde é divulgado que as instalações do SEF e da ANSR no TAGUS PARK, custam ao erário público 185 mil euros por mês (2.2 milhões de euros por ano) e que o contrato de arrendamento teria a duração de 10 anos, ou seja a empresa dona do edifício arrecadaria no fim dos 10 anos qualquer coisa como 22 milhões de euros. Este contrato foi assinado em 2008, portanto nesta altura já havia a crise no mercado imobiliário, embora a palavra Troika e austeridade estivesse ainda muito longe. O que eu pergunto e o que os portugueses deviam perguntar é como foi possível efectuar um contrato destes. Eu reconheço que as instalações, são excelentes, com uma boa localização, fácil acesso, etc. mas mesmo assim não justifica uma verba destas. Com tantos edifícios públicos que existem embora muitos deles estejam degradados, não seria mais logico aplicar esse dinheiro na requalificação desses edifícios e desta forma aproveitar o que já existe? Eu sei que a requalificação de um edifício antigo pode ficar mais caro do que construir um de raiz, é um facto. Mas pelo menos o problema da requalificação urbana começaria a ser resolvido. Ao invés de agora que gasta-se dinheiro e o problema mantem-se.

O Estado tem de ser gerido como uma empresa privada, no sentido em que a sua gestão não deve nunca ser deficitária, e os lucros devem investidos no bem comum. Será que os nossos governantes nunca foram sequer à primária e aprenderam que quando se gasta mais do que se tem, fica-se com valores negativos? Ou então não prestaram atenção na preparatória e acham que uma conta com dois números negativos como se anulam um ao outro fica positivo, deve ser por isso que a seguir a uma divida vem logo outra.

Eu como Português gostaria de saber qual o valor mensal que o estado gasta em alugueres tanto de edifícios como do parque automóvel. De certeza que é um valor absurdo, mas será que alguém no governo alguma vez pediu algo deste género, ou pior, se já alguém foi capaz de um dia entregar uma lista exacta e correcta destes valores?

O Governo Português, não deve tentar fazer dos portugueses burros, pois burros foram eles em efectuarem os negócios catastróficos que fizeram e agora vem nos pedir para pagar. Só que a estes somos “obrigados” a pagar. Num estado de direito e livre, onde está a justiça nisto? Onde estão os processos em tribunal por abuso de poder, e usurpação de bens públicos? Será por algum motivo que todos os últimos primeiros-ministros, foram para o estrangeiro? Recordo-me que este é o comportamento que os criminosos têm fugir do país onde cometeram o crime, para não poderem ser julgados.


Por Joaquim Pereira

domingo, 29 de julho de 2012

Contingências


Mês de Junho é o mês das Festas de Lisboa. Os bairros históricos da cidade preparam-se para receber as gentes de todo o país. Em Alfama, um dos bairros mais antigos de Lisboa, começa muito antes de Junho o início dos preparativos para a noite Santo António, para muitos está em causa o rendimento para todo o ano.

Num bairro onde talvez 80% da população seja idosa, dos 20% que restam apenas meia dúzia tem um emprego, os outros vivem daquilo que ganham neste mês, para além do Rendimento Social de Inserção que lhes está garantido todo o ano.

Os famosos retiros começam logo a ser pensados no início do ano, há que procurar madeiras para fazer as bancadas porque as que serviram no ano anterior já estavam podres e não se pode guardar para o ano seguinte, porque há uma lei que não lhes permite que as tábuas que foram usadas num ano sejam utilizadas no ano seguinte. Está escrito nas regras do bairro “não guardes para o próximo ano aquilo que utilizaste neste ano”.

Mas, aparte destes pormenores é de louvar o árduo trabalho que esta população tem para deixar tudo preparado para que chegue então o mês de Junho para começar a trabalhar. Durante este mês, toda a gente em Alfama trabalha, nem aquele que é tipo mais preguiçoso do bairro tem tempo para descansar e beber um copo e fumar o seu cigarro, tem que estar tudo preparado para receber os jovens e as famílias que veem beber um copo ou comer uma sardinha.

Esta é a realidade que nunca é falada e que se passa todos os anos, pessoas que não precisam de trabalhar porque o Estado oferece o Subsidio de Sobrevivência e que como se não bastasse, facturam num mês aquilo que a maioria das pessoas não ganha num ano. A fiscalização aos retiros fica apenas cingida aos cuidados de higiene, os milhares (e são mesmo milhares) de euros que são ganhos por estas pessoas não são taxados pelo Estado, não há facturas, não há pagamentos de impostos, apenas há que pagar o aluguer do espaço para montar a banca que se fica pelo 20 ou 30€.

Toda a gente nascida e criada em Lisboa conhece esta realidade e no entanto ninguém faz nada para alterar estes acontecimentos que são repetidos todos os anos.

Naturalmente que há exepções, como é o caso dos senhores das roulottes de farturas que, por serem considerados vendedores ambulantes e que fazem desse negócio o seu ganha-pão, pagam 100 vezes mais para ter a sua caravana estacionada no local durante 3 dias.


Por Hemal Maugi

Coerência

“Conformidade entre factos ou ideias. Nexo, conexão.”



Esta é a definição de “Coerência” no dicionário de Língua Portuguesa, e é na falta dela que reside o problema da sociedade portuguesa.

A falta de conformidade entre os factos ou as ideias dos portugueses, nos últimos 38 anos, tem sido alarmante. Claro que não defendo a ditadura, nem sou adepto de Salazar, mas vejamos a questão de fundo: Salazar era coerente. Agia de acordo com o que pensava. Havia conformidade entre as suas ideias e aquilo que executava. O nexo e a conexão não se perdiam no meio deste processo.

O mesmo não se pode dizer sobre a maior parte das figuras políticas desde então. Podem ter as melhores ideias do mundo, “as mais nobres e belas”, mas a falta de coerência não permite a garantia da conexão e do nexo entre aquilo que pensam e aquilo que fazem. Acabam sempre por nunca fazer aquilo que pensam, daí a célebre expressão: “Prometem, prometem mas nunca fazem nada!”.

O meu ponto é este: é mais fácil mudar o pensamento do “Salazar”, tendo sempre a garantia que o processo entre as suas ideias e as suas ações é feito com nexo e coerência (ou seja, o que pensa vai fazer!), do que garantir a quem não é coerente, que o caminho entre ideias e ações não é alterado (como constantemente verificou-se ao longo dos últimos 38 anos).

Mudar o pensamento do “Salazar” apenas requer o poder de argumentação.


Por Ricardo Cabral