terça-feira, 8 de abril de 2008

Mariano não é gago quando deve


Gostei de ouvir o ministro da Ciência e Ensino Superior afirmar que, “O número de profissionais que sai dos cursos superiores todos os anos para o mercado de trabalho, não chegam e são todos absorvidos pelo mercado”. Queria desde já agradecer ao Sr. ministro por me ter chamado à atenção, de que eu tenho amigos licenciados que são mentirosos. Mentem-me descaradamente ao dizerem-se desempregados quando afinal já trabalham… hoje em dia todo o cuidado é pouco…

O Sr. ministro acrescentou ainda que, “é verdade que muitas vezes, e muitos jovens naturalmente sentem isso, o primeiro emprego que têm… não é aquele que gostariam de ter”. Esta é uma maneira muito bonita de se dizer que a maior parte dos licenciados trabalham em tudo menos naquilo para o que se formaram, e para o qual aplicaram tempo, dinheiro e neurónios. Com certeza que haverá ainda muitos lugares disponíveis em call centers ou afins, que possam acomodar ainda mais licenciados. Quando essa oferta acabar, teremos disponíveis imensos trabalhos para a distribuir panfletos, jornais grátis ou a apanhar cerejas, mantendo os índices de desemprego a níveis aceitáveis.


Compreendo que para os nossos governantes não haja nenhum problema grave, quer porque nos estamos aproximar de eleições, quer porque para quem tem e arranja tachos, o seu futuro está garantido (numa ou noutra empresa que não vale a pena mencionar). Agora não é necessário gozar com aqueles que remam contra a maré. A verdade é que em Portugal não faltam trabalhos para os licenciados, faltam sim empregos adequados ao que os licenciados têm para oferecer. O Sr. ministro pertence a uma classe (profissional) que há muito se habituou a usar os dados como forma de justificar a sua posição, manipulando o teor dos mesmos de acordo com os que mais lhes convém, em detrimento da realidade. Agora isso não quer de maneira alguma dizer que os licenciados possam de boa consciência ter uma licenciatura só por tê-la.


A leviandade com que se fala na falta de empregos qualificados é estrondosa e não augura nada de bom. Se o objectivo é formar pessoas em determinadas áreas, de modo a que estas desempenhem funções numa outra completamente diferente, estamos a seguir num caminho contraproducente. Mais fácil seria aplicar as verbas e o tempo despendido em cursos de formação profissional internos deixando que primeiro os jovens arranjassem emprego e então depois se formassem. Tapar o sol com a peneira (como já vem sendo hábito deste e mais governos) não resolve o problema, e muito menos esconde os danos.

2 comentários:

Anónimo disse...

De facto é muito fácil falar quando estamos bem posicionados na vida sem qualquer tipo de preocupações com o minimo de significância, pelo contrário não acontece quando não somos nós que acabamos de tirar um curso que "só serve para portugues ver". Este ministro do ensino superior pelo que me parece anda um "pouco" perdido. Esta é uma situação grave em que pelos vistos as pessoas próprias para resolver estes tipos de problemas não se apercebem da gravidade desta. Esta intervenção do ministro do ensino superior é absolutamente antagónica à situação em que o país se encontra, pelo qual este encontra se numa situação de quase desespero que aparentemente para alguns esta em total controlo.

Anónimo disse...

De facto é muito fácil falar quando estamos bem posicionados na vida sem qualquer tipo de preocupações com o minimo de significância, pelo contrário não acontece quando não somos nós que acabamos de tirar um curso que "só serve para portugues ver". Este ministro do ensino superior pelo que me parece anda um "pouco" perdido. Esta é uma situação grave em que pelos vistos as pessoas próprias para resolver estes tipos de problemas não se apercebem da gravidade desta. Esta intervenção do ministro do ensino superior é absolutamente antagónica à situação em que o país se encontra, pelo qual este encontra se numa situação de quase desespero que aparentemente para alguns esta em total controlo.