quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vamos ao after



Depois de umas legislativas repete-se o cenário das europeias, todos ganharam excepto os portugueses.
Após um rol de conclusões retiradas dos resultados eleitorais pelos partidos, estes andaram e andaram e não chegaram à conclusão que salta mais à vista… os portugueses andam fartos de politiquices [não que estivesse á espera de outra coisa].




PCTP\MRPP

O partido não elegeu um deputado, porém conseguiu ultrapassar a barreira dos 50 mil votos, algo que o permite receber subvenção estatal.



CDU

Para todos os efeitos a CDU “cresceu” […], e os CDUzenses não nos deixam esquecer isso… ficaram atrás do BE, mas cresceram … o CDS-PP também ficou-lhes à frente [e no goto], mas elegeram mais um deputado [15]… passaram a ser a quinta força política, mas retiraram a maioria a Sócrates… e… ah… cresceram… afinal, os resultados eleitorais foram um "estimulante sinal" do crescimento da CDU.

Com o PS obrigado a cheirar apoios [aqui e ali] o PCP estabelece a linha de possível “apoio”, na fronteira com a direita.


BE


O Bloco teve não uma, mas 3 vitórias: a "vitória histórica" do número de votos; a “vitória histórica” de ultrapassar a CDU; a “vitória histórica” de derrotar a maioria absoluta do PS [tirar-lhes a arrogância se preferirem].

Aparentemente, ficar atrás do CDS-PP foi irrelevante [isto se deixarmos de parte a estupefacção, a irritação, e o sapo entalado na garganta] , uma insignificante nódoa no caminho ascendente da “verdadeira esquerda”.

A reconstrução do sistema de protecção social, a reforma das políticas de educação, e a implantação do imposto sobre as grandes fortunas, foram as prioridades estabelecidas por Louçã para que possa haver “diálogo” entre socialistas e bloquistas … peço desculpa… entre socialistas e socialistas esclarecidos.



CDS-PP



Paulo Portas ganhou. Recupera a posição de terceira força política [de 2002], com mais votos e consequentemente mais deputados [21], reforçando o peso do partido na AR.

Claro está que uma outra vitória foi a de tirar a maioria absoluta ao PS [juntem-se ao clube…].

Agora, admirem-se. Portas não irá coligar-se com o PS. Francisco Louçã pode descansar a sua cabeça, pois o PSócratismo não terá oportunidade de se tornar suicida.



PS



O PS ganhou. Mais votos… fica no governo… segundo Sócrates, “uma extraordinária vitória eleitoral"… … … pois… é realmente extraordinário o que a falta de alternativas pode fazer.



Não querendo perder tempo, mal ganhou as legislativas, o secretário-geral do PS vira as atenções para as autárquicas, particularmente para Costa, ao mesmo tempo que se concentra na estabilidade do seu governo:


Tradução:

“Vamos apostar na negociação parlamentar, não sacrificando as grandes bandeiras da governação socrática.”

Tradução da tradução:

“Esta coisa de não ter maioria absoluta é uma chatice.”



PSD



O PSD ganhou deputados [de 72 para 78], e também atingiu a vitória psicológica de retirar a maioria absoluta do PS. Não obstante, Ferreira Leite perdeu… aliás, não tardou muito para que fosse declarada aberta a época de caça à líder:

- Marco António defendeu que o PSD deve “fechar a página do Cavaquismo”;

- Mira Amaral diz que Manuela Ferreira Leite “está acabada politicamente”;

- António Nogueira Leite afirma que Ferreira Leite foi “demitida” pelos portugueses;

- Passos Coelho põe a cabeça de fora, com o “arranque de um novo ciclo de esperança”[1; 2] …

Enquanto estivermos no frenesim autárquico a coisa vai manter-se calma com o apoio da líder aos autarcas[aqueles que não tenham “medo”, digo eu].
Mas depois...


Abstenção



Pensar-se-ia que com uma abstenção de 39,4%, superior à de 2005 [34,98%] e de 2002 [37,66%], e com a manutenção dos níveis dos votos nulos e em branco [mais coisa menos coisa], os partidos prestariam mais atenção ao facto de que brincar aos políticos [como se tem vindo a fazer] não é exactamente bom para a democracia, no entanto julgando pelo aftermath eleitoral, diria que ainda não foi desta…

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