quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Corrupção e partidos


Com o face oculta e escutas em voga, salta outra vez para a ordem do dia a corrupção. CDS-PP dá-se até ao final do ano para apresentar medidas, o PCP volta a falar no dinheiro “despejado na banca”, e o BE também se atira à corrupção trazendo de volta o sigilo bancário e o enriquecimento ilícito.

Pavoneiam-se pelos corredores da AR e pela comunicação social, cheios da sua razão, atropelando-se uns aos outros para ver quem é que toma a dianteira no último flirt da agenda do momento.

Entretanto a corrupção continua, os casos não são levados a bom porto, os criminosos ficam impunes, eventualmente o frenesim mediático acaba, o interesse diminui… business as usual.
Portugal desceu no ranking da percepção de corrupção? E então? A imagem de Portugal está pior? Ou está cada vez mais aproximada da realidade do chico-espertismo Português?


Num país em que a instituição cunha é senhora e dona da mentalidade, pouco surpreendem os clientelismos balofos, as redes tentaculares, as manipulações abusivas, as nomeações por interesses, a confusão entre política e negócios, em muito grande parte promovidas pelos senhores(as) dos partidos.


Mas nos partidos em si, os grandes centros de dinamização dos aclientados e afins, não se passa nada. Quer dizer… passa… passa muito dinheiro e pouca crise:



E para que não hajam cá confusões:
PS – 6,88 milhões;
PSD – 5,48 milhões;
CDS-PP – cerca de 2 milhões;
BE – cerca de 2 milhões;
CDU – cerca de 1,5 milhões;
PCTP/MRPP – 175 mil euros.




A fiscalização, essa, é como todas as outras fiscalizações e regulações de prateleira, em que uma palmadinha no pulso e um toca a andar, substituem qualquer noção de efectividade. Umas multinhas aqui e ali para dar a entender que a coisa até funciona... como em 2008, por exemplo…



…e lá continuam a sua vida, business as usual.

2 comentários:

Unknown disse...

Confesso que fiquei contente de não ver o MMS no ranking de infractores, espero que não vá lá parar, nunca. Mas ao mesmo tempo fiquei curioso em saber que raio de infracções cometerem os pequenos partidos para serem tão fortemente ( em termos proporcionais) penalizados ??

Deixo-vos uma questão, pois eu próprio acumulo um mar de duvidas sobre este assunto.

O não financiamento dos partidos pelo estado não irá dar origem a um maior clientelismo ?

Miguel A. Ferreira disse...

Caro Carlos Miguel Sousa,

Peço-lhe que note que o ranking é o de 2008. O que significa que se o MMS é infractor ou não, só o ranking relativo período eleitoral de 2009 dirá. A ver vamos…

No caso das infracções cometidas, estas tendem a ser por causa de irregularidades e ilegalidades cometidas. Incumprimento de prazos entrega das contas, e inconsistências nos donativos (sem identificação dos dadores, ou sem montantes definidos por dador) são os mais comuns.

Quanto ao clientelismo, tem muita razão. O não financiamento partidário pelo Estado (e cidadãos individuais) poderá trazer, em teoria, mais clientelismo (seja qual for a sua forma). A meu ver o problema está, não no financiamento ou não pelo Estado, mas sim nos montantes obscenos recebidos (sempre a aumentar) e na forma obscura como estes são tratados (e já agora... distribuidos).

Cumprimentos,