quinta-feira, 27 de março de 2008

Butão ou Druk-Yul, “A Terra do Dragão Trovejante”




O Reino do Butão é uma nação dos Himalaias, com 47.000Km2, localizada no extremo Este da cordilheira. Tem uma população de 810.000 (estimativas do Governo Real do Butão em 2006, porém existem estimativas que elevam a população até 2000.000 pessoas).


O nome Butão deriva da palavra “Bhotanta” do sânscrito, que significa o fim da terra dos “Bhots” ou “Bhotas”, termo pelo qual os tibetanos são conhecidos na Índia. Os Butaneses preferem Druk Yul, onde Druk significa dragão e vem do nome da escola Drukpa do budismo tibetano que uniu o Butão no séc XVII. Druk Yul significa a Terra do Dragão Trovejante. De acordo com a lenda quando o fundador do sector Drukpa estava a pregar aos seus seguidores ouviu no céu de Inverno um som de trovoada que foi recebido como um bom presságio. Foi então fundado um mosteiro nesse lugar, o Nam Drukgar. Com a pressão reformista no sector Gelukpa a surgir, alguns dos sectores mais velhos, foram empurrados para o trabalho missionário fora do Tibete, tendo se estabelecido no Butão.


A ideia do Butão como uno só apareceu em 1600, com a unificação das potências locais, levada a cabo por Zhabdrung Ngawang Namgyal (Lama tibetano e líder militar). A partir daí foi iniciado um processo de fortificação militar, de consolidação militar e de criação de uma identidade nacional, fortemente enraizado no Budismo.Um sistema dual de governo composto pelo druk desi (líder administrativo) e pelo Je Khempo (líder espiritual), durou até que um conjunto de acontecimentos levou a que uma assembleia de lideres budistas, anunciasse o fim dos 300 anos do sistema Zhabdrung, nomeando Ugyen Wangchuck como o primeiro Druk Gyalpo hereditário.
A sociedade butanesa é na sua maioria formada por pequenas comunidades, onde a vida pastoril e a agricultura desempenham um papel central no dia a dia da população.A capital do Butão é Thimphu e há uma curiosidade que exemplifica a particularidade da cultura butanesa, que é o facto desta ser a única capital do mundo sem semáforos, pois após a tentativa de instalação dos primeiros, as pessoas rejeitaram-nos por serem demasiado impessoais.


Esta é uma população jovem, cuja média etária encontra-se nos 20,4 anos e que tem a maior parte da força de trabalho orientada para a agricultura, com cerca de 93% da ocupação da força de trabalho. Há também a existência de vários grupos étnicos neste país. 50% da população é composta por tribos aborígenes do Butão, 35% é de origem nepalesa e 15% por outras etnias. Assim sendo praticam-se várias religiões no Butão tais como, o budismo, o hinduísmo, o islamismo, os seguidores de Bön ou o cristianismo. O Druk Gyalpo é considerado o protector de todas as religiões no país.


Tradicionalmente os casamentos são arranjados pelas famílias, baseando-se em aspectos económicos e laços étnicos, mas a partir do século XX a mutua afeição tomou a primazia nas escolhas de parceiro(a). Uma lei datada de 1990 permite que um homem tenha até três mulheres, desde que a primeira mulher assim o permita. Os casamentos com estrangeiros sempre foram desencorajados, quer por influência social, quer por intervenção activa do governo sob a forma de leis. O elemento chave da vida familiar no Butão é a mão-de-obra, por exemplo, após o casamento, a escolha de casa depende de que família tem menos mão-de-obra disponível.


As barreiras topográficas são a principal razão para o isolamento do país. O Butão tem uma localização estratégica que foi sendo cobiçada ao longo dos anos. Desde o Tibete e a Inglaterra, que tentaram exercer um poder efectivo no Butão, à Índia e à China que ainda disputam influência, houveram ainda muitos outros países que pretenderam beneficiar da localização do Butão na Ásia. A invasão do Tibete pela China está intimamente ligada com a história do Butão, devido ao medo por parte da China, que a influência britânica chegasse ainda mais perto das suas fronteiras. Acontece que a influência foi recíproca, e a decisão em abrir o Butão para o sul não foi baseada numa mudança ideológica, mas numa tentativa de escapar ao domínio chinês com o Tratado de Punakha. O primeiro resultado físico da mudança de paradigma foi a primeira ligação de estrada com a Índia.


A China também tenta alargar as fronteiras da sua esfera de poder. A treze de Outubro de 2005, soldados da República Popular da China atravessaram a fronteira, avançando até 20 km em vários distritos, e começaram a construir pontes e estradas sem o consentimento das autoridades. O Governo Real do Butão insurgiu-se contra esta prepotência por parte do Estado Chinês, e acusou-o de tentar ocupar o Butão através de um processo gradual de intromissão no domínio butanês. O governo chinês respondeu, afirmando que, a construção dessas estradas está de acordo com os planos de desenvolvimento económico da China.


No início dos anos 60, o terceiro Druk Gyalpo deu inicio a um processo gradual de introdução da tecnologia moderna no país. Desde então foi criado o Bhutan Broadcasting Service, o Kuensel e as primeiras emissões de televisão iniciaram-se em 1999. A internet chegou ao Butão em 2000 e mais recentemente, apareceu o primeiro jornal privado o “The Bhutan Times”. O Butão está cada vez mais aberto as inovações ocidentais e não só no que se refere às tecnologias. O escutismo foi introduzido no Butão em 1970 e em 1999 a Associação de Escuteiros do Butão tornou-se membro da Organização Mundial do Movimento Escutista.

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