A mobilização política parece ter vindo a esmorecer em Portugal. Num país em que o sistema político está dominado pelos partidos, podemos associar este fenómeno ao do declínio da identificação com os partidos políticos. É certo que outros factores poderão ser trazidos à luz, não obstante, a questão do desinteresse pela política implica um desinteresse pelos partidos.
A mobilização espontanea como o que aconteceu na educação ou na saúde, é uma mobilização em torno de causas e como tal não é duradoura. Embora esta possa provocar consequências políticas devido ao peso que impõe sobre a “aura social”, não poderá só por si assegurar uma mobilização politica ou eleitoral.
Poderíamos falar das implicações eleitorais que resultariam da força conjunta de mobilizações espontâneas que se conjugassem em torno de um denominador comum. No entanto a sombra da necessidade de uma alternativa, que no caso resultaria de uma oposição partidária, é algo que condiciona a capacidade de efectivar mudanças substanciais.
Portugal é caracterizado por uma volatilidade eleitoral cada vez maior. Os votos flutuantes que ora pendem para o PSD, ora para o PS, são indicadores de uma identificação partidária cada vez menor. Entende-se que estes derivam mais de uma reacção às acções políticas, do que da aceitação de uma determinada orientação política. O número de indecisos próximo dos dias de eleições, é também um factor preponderante. Diria que quanto maior o número de indecisos, nessa “altura do campeonato”, menor a identificação partidária e menor a percepção de alternativas credíveis.
A crise da identificação partidária, abre caminho à identificação com projectos ou com pessoas. O problema da identificação com projectos prende-se com a noção já enraizada de que os programas eleitorais não são cumpridos. A ideia do “prometido, mas não cumprido” tem muito a haver com os desvios constantes às promessas eleitorais. Embora estes desvios tendam a perder-se na maioria das memórias individuais, deixam vestígios residuais na memória colectiva da sociedade, que se expressam através do senso comum colectivo. Expressões como “são todos iguais” ou “quando lá chegam, fazem todos o mesmo”, tornaram-se recorrentes no vocabulário dos portugueses, e não estão muito desfasadas da realidade. Compreendo que apresentar estes argumentos como prova para o que for, não seja uma atitude muito científica porém, nem tudo pode ser científico ou demonstrável através de gráficos e recolha de dados. Não que não seja possível fazê-lo, mas a compreensão humana da totalidade do que compõe o tecido social, está provavelmente a anos-luz da realidade. Assim, a leitura (ou tentativa de) dos mecanismos sociais intemporais, pode ser entendido como um “atalho” que precede a avaliação concreta.
A mobilização espontanea como o que aconteceu na educação ou na saúde, é uma mobilização em torno de causas e como tal não é duradoura. Embora esta possa provocar consequências políticas devido ao peso que impõe sobre a “aura social”, não poderá só por si assegurar uma mobilização politica ou eleitoral.
Poderíamos falar das implicações eleitorais que resultariam da força conjunta de mobilizações espontâneas que se conjugassem em torno de um denominador comum. No entanto a sombra da necessidade de uma alternativa, que no caso resultaria de uma oposição partidária, é algo que condiciona a capacidade de efectivar mudanças substanciais.
Portugal é caracterizado por uma volatilidade eleitoral cada vez maior. Os votos flutuantes que ora pendem para o PSD, ora para o PS, são indicadores de uma identificação partidária cada vez menor. Entende-se que estes derivam mais de uma reacção às acções políticas, do que da aceitação de uma determinada orientação política. O número de indecisos próximo dos dias de eleições, é também um factor preponderante. Diria que quanto maior o número de indecisos, nessa “altura do campeonato”, menor a identificação partidária e menor a percepção de alternativas credíveis.
A crise da identificação partidária, abre caminho à identificação com projectos ou com pessoas. O problema da identificação com projectos prende-se com a noção já enraizada de que os programas eleitorais não são cumpridos. A ideia do “prometido, mas não cumprido” tem muito a haver com os desvios constantes às promessas eleitorais. Embora estes desvios tendam a perder-se na maioria das memórias individuais, deixam vestígios residuais na memória colectiva da sociedade, que se expressam através do senso comum colectivo. Expressões como “são todos iguais” ou “quando lá chegam, fazem todos o mesmo”, tornaram-se recorrentes no vocabulário dos portugueses, e não estão muito desfasadas da realidade. Compreendo que apresentar estes argumentos como prova para o que for, não seja uma atitude muito científica porém, nem tudo pode ser científico ou demonstrável através de gráficos e recolha de dados. Não que não seja possível fazê-lo, mas a compreensão humana da totalidade do que compõe o tecido social, está provavelmente a anos-luz da realidade. Assim, a leitura (ou tentativa de) dos mecanismos sociais intemporais, pode ser entendido como um “atalho” que precede a avaliação concreta.
A questão da identificação com pessoas, sempre teve mais relevo no poder local ou nas eleições presidenciais. Porém recentemente assistimos a duas tentativas de estabelecer esta ligação entre o eleitor e a pessoa, com vista as legislativas: as entrevistas de Sócrates e Menezes. O objectivo no geral é criar uma proximidade entre o eleitor comum e o representante (ou candidato a). Um perfeito exemplo deste tipo de identificação eleitor-representante, é o caso madeirense. O PSD ganha na Madeira por causa de Alberto João Jardim e não ao contrário. Desde desfilar no carnaval, a beber umas ponchinhas nas tasquinhas no Chão da Lagoa, tudo é demonstrativo da criação de um elo de ligação com o “povo”. Esta relação de proximidade nem sempre é benéfica para o político. Mantenhamos em mente o exemplo dos E.U.A., em que a vida pública e a vida privada do político se interligam no que toca ao escrutínio popular. Quer os candidatos, quer os políticos em exercício, são mantido sob um olhar atento. O recente caso vindo de New York é esclarecedor. Aparentemente ser infiel à mulher, para além de fazer um mau marido, faz também um mau político. Quanto a mim a identificação pessoal pode ser positiva desde que devidamente balizada, pois a mistura dos dois mundos não é saudável.
A integração politica está dependente, da integração social, profissional, comunitária e religiosa. O que decorre do facto que ao homem político, precede o homem social. Esta dependência é um dos factores que auxiliam a actual fraca mobilização política. A integração religiosa está a perder terreno nas actuais sociedades. O que ao contrário do que possa parecer, não implica a “desmoralização” da sociedade, antes pelo contrário. As crescentes preocupações pós materialistas indicam o oposto. Há em substituição uma consciência moral que brota de dentro para fora, uma espécie de autonomia da vontade kantiana. A nível político o factor religioso, simplesmente não possui a força de outrora. As integrações profissional e comunitária também não estão na sua melhor forma. O desemprego, a instabilidade económica, a quebra de laços comunitários, a realidade “fria” dos mundos urbanos, tudo isto contribui para uma desagregação do indivíduo com a sociedade. O que acaba por impor uma distanciação com o mundo político que passa por uma descredibilização da política e culmina com a abstenção ou não exercício do voto. Quanto à integração social, vemo-nos perante um novo paradigma, o do individualismo crescente. Acontece que o factor individuo está a ganhar proporções cada vez maiores, quando em oposição ao homem social; o que leva à criação de novas tensões sociais.
Estes factores são todos importantes no que concerne a mobilização política. Todavia é importante relevar que os partidos políticos não estão a ajudar à causa.
Uma observação mais ou menos atenta à ARtv ou às notícias, mostra que os partidos estão mais interessados em agredir-se mutuamente do que em participar activamente em soluções para os problemas. Confesso-me um céptico no que concerne ao verdadeiro interesse dos partidos em querer alcançar uma participação popular efectiva. Os regimes mais opressores cedo perceberam que a participação política tráz consigo bagagem e não demorou muito para as democracias se aperceberem desse facto. O eleitor é bom para eleger, e pouco mais. As promessas vencidas, a primazia o período eleitoral, o clientelismo e as manobras políticas, fazem mais pela apatia politica do que muitos dos factores externos ao sistema político.
O voto útil não é uma realidade, porque a muitos não convêm que ela exista. Quanto à fraca mobilização politica, fico-me por Fernando Pessoa:
- “O voto popular não é uma manifestação da opinião pública, é uma expressão de sentimento.”
Sem comentários:
Enviar um comentário