Vou agora tentar transmitir a imagem global do que foi um dia de debate na Assembleia da Republica (AR)… talvez debate seja uma palavra muito forte… reformulando… mais um dia na AR.
Espantam-me os comentários que por ai voam, no que diz respeito à falta de capacidade de diálogo da parte do Ministério da Educação. O debate na AR mostrou exactamente o contrário. Os partidos de oposição bombardearam a Srª Ministra com perguntas sobre a avaliação dos professores, durante todo o deba…. toda a troca de bocas que lá teve lugar. E a resposta não poderia ter sido mais clara. O PP mostra desconhecimento sobre a matéria, o PSD quer a coisa na teoria, mas sem efeitos práticos e o PC não quer nada… Pimbas. E chegou a ser mais específica quando disse, rigorosamente mais nada.
Afinal, se 100.000 “comunistas” não servem para fazer pressão, não serão mais quatro ou cinco “opositores incompetentes” que farão medo.
(Tolos os da oposição que duvidam da omnisciência da Srª Ministra… tsc…tsc)
Quer dizer… a Srª Ministra chegou a falar acerca da influência das notas dos alunos sobre a avaliação do professor. A ideia que expressou foi a de que, se os resultados dos alunos contam é porque “…era o que mais faltava…” se não contassem. Pois se os alunos melhoram, o professor merece ter repercussões positivas. Essa é que é essa.
Por acaso gostava de ter acesso ao estudo que demonstra que a melhoria de nota depende única e exclusivamente do melhor desempenho do professor. Eu tinha em crer que a questão era mais subjectiva do que isso e dependeria também de factores externos. Logo sendo subjectiva, não poderia ser usada em algo que se pretende objectivo, como a avaliação dos professores.
Pensava mesmo que por entre esses factores externos estariam: o empenho e a motivação do aluno; a capacidade intelectual do aluno; o estado emocional do aluno (influenciado pela família; pelos amigos; pelos amores…); a situação familiar do aluno (que inclui os incentivos que tem ou não em casa; a estabilidade do lar, tempo disponível para os filhos…); a situação económica do aluno; as condições da escola; os manuais escolhidos; a capacidade de copiar \ cabular; a qualidade da interacção da turma; a programação televisiva antes dos testes ou entregas de trabalhos…enfim, enganei-me.
Há sempre aquele momento da cartada do passado. Quando o cerco aperta e a resposta desaparece, eis que surge a melhor das justificações para qualquer pergunta (usada por todos os partidos que já estiveram no governo): - No tempo em que o seu partido estava a governar… (neste caso) … o famigerado concurso de professores… o PS puxou da carta pelo menos duas vezes e a Srª Ministra uma vez.
A que é que isto responde? A nada. Mas a credibilidade do adversário foi minada. E não será esse o objectivo final de um salutar debate na nossa respeitabilíssima AR?
Sorte é que não foram buscar que D. Afonso Henriques e a sua politica educativa……
A meio disto tudo o deputado José Gonçalves (PC) indagou insistentemente a Srª Ministra sobre os contentores que algumas escolas, por falta de condições, possuem para dar aulas; e se isso não seria um reflexo do encerramento de algumas escolas.
A resposta foi que, não eram contentores, eram monoblocos com conforto (mais chique, tá a ver…) e a responsabilidade era das autarquias… (E eu a pensar que eram contentores propriamente ditos, com cadeiras de latão...)
Respondido? Não… Não interessa.
Mário Nogueira da FENPROF, que estava na plateia só se ria.
Entretanto um deputado do PS (que agora não me recorda o nome), por entre o seu ataque à oposição e defesa do governo, saiu-se com: “…se por algum milagre o PSD chegasse ao poder…”. Esta eu nem vou tentar classificar.
Amigo, “conta com o ovo no cu da galinha” e pode “ser que te saia o tiro pela culatra…”
Aprecio a capacidade que a Srª Ministra tem de responder directamente às perguntas. Hoje, perante os ataques às suas politicas educativas a Srª Ministra foi… coerente…
- Nada fazer é que é mau; Nada fazer é que é irresponsável; os partidos da oposição querem tudo na mesma…
E resposta que é bom?
- …os problemas do sistema educativo, são o abandono e o insucesso escolar…
Pois, mas…
- … é preciso reforçar a autoridade dos professores no interior da escola…
Sim, mas não é…
- …a escola vai ser mais democrática…
Pára tudo! Então a característica colegial vai à vida. Em substituição vem um director da Escola que pelo menos é eleito. Em que mundo isto é mais democrático?
- …o que o PSD queria era um director da escola que não…
(ainda estava eu à espera de uma reposta)
Assim, mais um dia na AR…
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