Foi a minha irmã mais nova que me chamou a atenção para o que eu escrevi no último post sobre a Quinta da Fonte. De facto o que eu escrevi pode ser mal entendido por falta de explicação melhor, dado que deixado como está, esse post é uma generalização abusiva da realidade. Não queria de maneira alguma dar a entender que toda a população que lá vive possui os tais plasmas e playstations, nem queria implicar toda a população de etnia cigana nesse grupo de “abusadores”. Com o meu post pretendia sim chamar a atenção para alguns aspectos que são deixados de lado, pois aparecem junto de aspectos mais perturbadores, que pela sua natureza desviam a atenção de quem os observa. Com o drama que se desenrola nesse bairro é fácil deixar escapar situações que parecem à primeira vista normais. Refiro o exemplo de uma equipa de reportagem que mostrou a situação desesperante [admito-o], de uma família que viu a sua casa vandalizada e os seus bens roubados. Num bairro social, não parecerá estranho que uma família tenha [se a memória não me falha] um plasma, dois leitores de DVD [o que pressupõe uma segunda televisão], playstation para os filhos [que não é exactamente barata e pressupõe também os dispendiosos jogos], isto para além de outros bens, esses sim essenciais, como máquina de lavar roupa, frigorifico, etc. O que se passa com este cenário? Abuso dos apoios que lhes são proporcionados ou apoio concedido indevidamente, é das respostas mais óbvias.
Engana-se porém aquele que pensa que este problema se resume aos ciganos, aos negros, aos brancos ou aos cor-de-rosa com bolinhas amarelas. Menos ainda aqueles que acham que são as classes mais baixas as únicas que prevaricam. Não precisei de sair mais longe do que a denominada classe média para encontrar bolsas atribuídas a pessoas que delas não precisavam. A não ser que se considere um carro próprio, relógios caríssimos e por ai em diante, bens de primeira, segunda, ou mesmo terceira necessidade. Digo também: Com factura é um preço, sem factura é mais barato… quem nunca ouviu esta pérola? E o que dizer das fugas de impostos milionárias que “não” acontecem todos os anos? O que falar das derrapagens bilionárias nas obras públicas que alguns metem no bolso? Como explicar as cunhas e corrupçõezinhas que “não” acontecem todos os dias? De que maneira podemos encarar os enormes ordenados [e reformas] de gestores e altos titulares de cargos públicos? É com leveza de espírito que se burla tudo e todos, deste que estas burlas estejam justificadas, desde que se consigam olhar ao espelho ao acordar de manhã. Que justificação? O egoísmo, encoberto por uma nuvem de explicações e explicaçõezinhas. Muito facilmente as pessoas enganam-se a si mesmo quase com a mesma facilidade que se apressam em julgar outros. Até nas coisas mais pequenas. Muitas vezes ouvi pessoas a dizerem, o empregado(a) enganou-se no troco… mais fica… ou poderia até falar das empresas que se aproveitam de situações em nome do lucro. Ladrões? Claro que sim. No entanto, perde-se o significado negativos das acções quando trazidos à luz da realidade mais mundana. Justificações existem aos pontapés, porém a realidade… essa é só uma.
Mediante este cenário é difícil dizer quem é mais chupista. Voltando aos apoios. Estará o problema na atribuição desses apoios? Nem por sombras. O que poderá justificar que pague o justo pelo pecador? Nada. Muitas são as ideias que tenho sobre como melhorar o sistema, porém não será agora que as partilharei. Mantenho-me por enquanto pelo simples, mais apoios [não necessariamente monetários] e controlo mais eficiente. Só quero acrescentar a isto, que “no mundo dos espertos” em que muitos vivem, impera a burrice e a incerteza. Nesta linha, aqueles que pensam beneficiar da sua esperteza, estão a ficar privados das riquezas que poderiam advir da sua própria inteligência.
Fala-se muito de racismo acerca da Quinta da Fonte, no entanto, olho para a situação e das últimas coisas que me ocorre como causadoras, são os problemas étnicos ou raciais. Ou como põe o PNR, “(…)os portugueses podem ver com os seus olhos o que são os tão apregoados “benefícios” da imigração.” [curem-se, porque essa virose é perigosa… o nome cientifico é acefalia congénita…] Certo é que seria mais fácil simplificar o problema e atribuir as causas a tais diferenças, porém no cerne da questão estão tensões sociais, produto de anos seguidos de politicas sociais erradas [a França que o diga]. Os portugueses que lá vivem não são nenhuns anjos, mas para quem ainda acredita em anjos, devo dizer que o pai natal não existe. É muito fácil pegar na “bosta social” e aglomera-los longe da vista, auto-regozijando pelo caminho, com o bom coração de quem dá subsídios e habitação quase de borla. O problema é que a bosta social está nos políticos e responsáveis que pensam que é assim se resolve este problema. Não podemos nos esquecer que estamos a falar de um bairro de uma grande dimensão, que regista uma sobrelotação dos alojamentos. É muito bonito e fácil isolar populações, mas é estúpido pensar que isso não trará consequências negativas. Ao invés de jogar dinheiro ao problema, dever-se-ia jogar integração social, incentivos à educação, acções de formação, criação de um espírito saudável de comunidade, e não estar à espera que uma sociedade civil [já fraca de si] consiga fazê-lo por si só.
Agora sim apresento uma solução para o problema. Se os responsáveis e políticos forem obrigados a ir viver para a Quinta da Fonte, não tenho a mínima dúvida que em questão de meses [senão semanas] haveria mais policiamento, melhores acessibilidades, uma melhoria das condições de vida, mais qualidade nas infra-estruturas de apoio, sendo que a vantagem para os políticos que o fizessem, seria uma espécie de formação intensiva sobre a realidade do país [o que se recomenda a muitos, para não andarem por ai a falar, de pança cheia] …
1 comentário:
Concordo com a sugestão, apesar de demagógica.
Nota: e não não sou a favor da censura mas a verdade é que por vezes, anda para ai uma malta...
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