segunda-feira, 21 de julho de 2008

Sobre o Ensino Superior (3)


Um erro clássico dos alunos é pensar que a avaliação é feita de 0 a 20. Muitas são as faculdades em que a cotação é reduzida. Mais uma vez falo só do que conheço. O rigor na correcção está em alguns casos, sujeito a parâmetros no mínimo dos mínimos… discutíveis. Tive cadeiras em que 15 é um máximo a atingir…quinze?!?!? A estupidez inerente a este tipo de correcção é evidente. Que se indignem aqueles a quem lhes serve a carapuça, pois reafirmo… é uma estupidez. É suposto os alunos apresentarem o seu currículo e dizerem o quê? “Olhe, a minha média é esta, mas estudei na faculdade X e lá esta é uma boa média…” Es-tu-pi-dez. A utilização de cábulas é certamente reprovável [ou não], no entanto através da utilização destes “artifícios” são postos em evidência os critérios de correcção pouco rigorosos de alguns professores. Lembro-me de uma situação [que não é única] em que pelo menos 4 alunos puseram no seu exame a mesma coisa, obtendo cada um, notas diferentes.


Supúnhamos que o aluno considera que foi mal cotado. O que fazer? Pedir a reapreciação do exame seria o mais coerente. Supúnhamos que o aluno em questão consegue ultrapassar o medo de contrapor o julgamento inicial do professor [correndo o risco de ficar “marcado”]. Quando cheguei à faculdade a reapreciação de exame era um misto de mito e medo fantástico. Simplesmente não existia… De onde vem este medo? Por entre alunos que não querem agitar as águas e professores que no alto do seu poleiro se julgam infalíveis, é difícil apontar as origens, a não ser inserindo-o num contexto de circunstâncias. Mesmo assim cheguei a pedir reapreciação de exames, o que se provou uma tarefa difícil. Ninguém sabia bem o que fazer. Na secretaria reinava a incredulidade. “Como assim reapreciação?” [Perguntaram-me] O cumulo foi quando me questionaram sobre se o professor tinha autorizado a reapreciação. Autorizado? Mas, em que mundo paralelo me encontro agora? [Pensei eu] Podia escrever mais uns quantos parágrafos a contar as peripécias ridículas que passei eu e alguns colegas mais “rebeldes”, porém o importante é que um regime contencioso interno de reclamação de notas que funcione é essencial para a boa saúde do ensino superior e para a sanidade dos alunos.


Já com Bolonha espera-se que se resolvam muitos dos problemas que mencionei anteriormente. Será? Parece-me que pegar nos mesmos cursos e talhá-los de modo a que se encaixem nos critérios bolonheses não fará maravilhas. Se não alterarmos o espírito que rodeia o sistema, podem chamar a si as reformas que quiserem, pois o “mal” prevalecerá. No ISCSP por exemplo, a balbúrdia que se registou nesta “mudança”, reflecte bem o mau augúrio. Quem do modelo antigo, está agora a fazer mestrado [em Ciência Política], sofre ainda na pele as repercussões do trabalho apressado, mudança caótica, falta de competência e fraca preparação, por parte de quem de direito. O problema nisto tudo é que os senhores doutores vão continuar a ser pagos, o ISCSP manter-se-á de pé, os alunos é que se lixam…

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