Em 1990 no seguimento de uma tentativa de cessar-fogo, as tropas governamentais tentaram tomar a península de Jaffna, provocando uma onde de brutalidade sem precedentes, que adquiriu a alcunha de Segunda Guerra Eelam. O governo estabeleceu um embargo de alimentos e medicamentos à península de Jaffna. A força aérea bombardeou incessantemente a área (foram bombardeadas escolas, hospitais, casas e chegou ao ponto de bombardearem Jaffna com excrementos humanos), tendo atingido inclusivamente o templo Naguleswaram (centenas de devotos estavam lá reunidos a celebrar o festival Kendari Gawri), um dos cinco Templos de Shiva Hindus, mais sagrados da ilha.O T.L.T.E. respondeu massacrando civis singaleses e muçulmanos, que por sua vez desencadeou um acto de vingança da Guarda Muçulmana (parte do governo) sobre civis tamil.
Este tipo de “Circulo interminável de vingança” é muito comum na história desta guerra civil, repleta de ataques à bomba, combates frente a frente autênticos esquadrões de morte governamentais e do T.L.T.E., que normalmente resultam em mais civis mortos. Uma das maiores batalhas, ocorreu em Julho de 1991, quando a Base Governamental da Passagem do Elefante (base localizada numa zona estratégica na entrada da península de Jaffna), foi rodeada por 5000 tropas do T.L.T.E. Mais de 2000 baixas de ambos os lados, durante um cerco que durou um mês e que terminou com a chegada de 10.000 tropas governamentais. Impulsionados pela vitória, as tropas governamentais voltaram a tentar tomar de assalto a península, sem sucesso em 1992.
Em 1993, um atentado bombista, levou a vida ao Presidente Ramasinghe Premadosa. Nas eleições de 1994, o Partido Nacional Unido (P.N.U.) foi derrotado pelo Partido de Libertação do Sri Lanka e este novo governo conseguiu acordar um cessar-fogo (1995), que infelizmente foi quebrado pelo T.L.T.E., dando início à Terceira Guerra Eelam. A partir desse momento o governo levou a cabo uma política de “guerra para a paz”, tomando Jaffna de assalto em Dezembro e deixando a cidade em ruínas. Em Janeiro de 1996, deu-se o ataque mais mortífero do T.L.T.E., no banco central em Colombo, que fez mais de 90 mortos e 1400 feridos. Esta organização não ficou por aqui e bombardeou o World Trade Center do Sri Lanka, em 1997 e o Templo do Dente (um dos templos Budistas mais sagrados do mundo) em 1998.
No mês de Março de 1999, as forças governamentais conseguiram tomar Vanni (Operação Rana Gosa), no entanto não conseguiram tirar o T.L.T.E. da área. Este respondeu em Novembro desse mesmo ano, recuperando Vanni e avançando em direcção à Passagem do Elefante. Houve, em Dezembro desse ano uma tentativa de assassinato da Presidente Chandrika Kumaratunga que ficou gravemente ferida, chegando a perdeu um olho.
As organizações humanitárias em 2000, falavam em um milhão de deslocados e numa taxa de suicídio das mais altas do mundo per capita. Ainda neste ano a Noruega pediu para servir de mediadora entre as partes. O T.L.T.E. manteve um cessar-fogo unilateral de 2000, a 2001. Este período foi seguido de uma ofensiva por parte das tropas governamentais, que recuperou o território até a Passagem do Elefante; depois o T.L.T.E. lançou um ataque bombista no aeroporto que destruiu aviões da força aérea e dois comerciais, o que prejudicou gravemente o turismo.
O governo susteve muitos ataques à sua politica, de guerra para a paz e após ser sujeito a uma moção de não confiança, perdeu nas eleições subsequentes de 5 de Dezembro de 2001, para a Frente Nacional Unida (F.N.U.), ano em que foi criada a Missão de Monitorização do Sri Lanka, para monitorizar o cessar-fogo e as negociações de paz. O recém-formado governo, reciprocou outro cessar-fogo unilateral do T.L.T.E. a 24 de Dezembro de 2001 e em Fevereiro de 2002, os dois lados formalizaram, um Memorando de Compreensão (onde ambos os lados concordaram com uma opção federal), com a Noruega como mediadora.
Foram criados dois secretariados, um por cada uma das partes. O Secretariado para a Coordenação do Processo de Paz (estabelecido a 6 de Fevereiro de 2002, após aprovação do Conselho de Ministros do Governo), que pertencia ao governo. O objectivo é implementar as decisões do governo no processo de paz, monitorizar o cessar-fogo, providenciar o apoio logístico ao governo para as negociações, servir de mediador entre o governo e os media quanto às negociações. O Secretariado para a Paz do T.L.T.E. que funciona sob a alçada, do braço político do T.L.T.E, têm como objectivo monitorizar o cessar-fogo, promover a paz, coordenar a reabilitação das zonas, coordenar os assuntos legais e servir de ponte entre a organização e o mundo exterior.
Nesta altura estava também a acontecer uma situação inédita na história do Sri Lanka, que era o facto de que o Presidente (que se opunha às negociações) e o Primeiro-ministro (favorável às negociações) pertenciam a partidos diferentes. O que não criava muita estabilidade nos mais altos cargos do Sri Lanka, e nas suas pretensões. O T.L.T.E. saiu da mesa das negociações em 2003, apontando como causas a presença de tropas na península de Jaffna, insuficientes esforços de recuperação das zonas afectadas do Norte e Este e restrições governamentais à agricultura e pesca tamil. A 31 de Outubro desse ano o T.L.T.E. pôs na mesa uma proposta de paz que invocava a criação de uma Autoridade Interina de Governo Próprio (A.I.G.P.), que funcionaria até que se criassem condições para fazerem-se eleições livres no Estado de Tamil Eelam.
A Aliança Unida de Libertação do Povo (A.U.L.P.), que defendia uma acção mais firme do governo, ganhou as eleições a 8 de Abril de 2004. Entretanto T.L.T.E. estava a fracturar-se pelas alas Este e Norte. O Coronel Karuna, retirou cerca de 5000 tropas do Este, reclamando a insuficiente ajuda à parte este das zonas controladas. Esta “guerra” no interior da organização foi resolvida com a capitulação do grupo de Karuna e a fuga dos seus líderes para Colombo.
Embora se mantivesse o cessar-fogo, ambas as partes acusavam-se de operações secretas hostis. A 26 de Dezembro de 2004, o desastre do Tsunami (morreram cerca de 30.000 pessoas) caiu sobre o Sri Lanka e desde cedo despontaram desacordos sobre, para onde e como deveriam ser divididos os apoios financeiros. Em 24 de Junho de 2005, o Governo e o T.L.T.E., acordaram através do Memorando de compreensão para o estabelecimento da Estrutura Operacional Pós-Tsunami, a cooperação e distribuição equitativa dos recursos.
A 12 de Agosto de 2005, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Lakshman Kadirgumar (forte Critico do T.L.T.E), foi assassinado. Em Dezembro de 2005, a violência é renovada, com um aumento nas actividades de guerrilha, que resultaram em 200 mortos. Os Oficiais do Departamento de Estado Norte-americano, fizeram saber ao T.L.T.E. através do Embaixador dos E.U.A no Sri Lanka, que este iria enfrentar “uns militares governamentais mais determinados, num possível futuro confronto”. A 7 de Fevereiro de 2006, ambas as partes acordaram a negociações de paz em Génova, que foram sendo adiadas até 19 e 21 de Abril. O T.L.T.E. acabou por cancelar as negociações, alegando que não tinha concordado com uma escolta de navios da marinha governamental (de acordo com a Missão de Monitorização do Sri Lanka, esta era uma condição previamente aceite). Os combates foram renovados e o T.L.T.E., retirou-se da mesa das negociações. Não obstante novas negociações foram marcadas, para Junho de 2006, em Oslo, que também foram canceladas, pois não foi considerado pelo T.L.T.E. que os seus negociadores tinham uma “passagem segura”.
Em Julho, rompeu de novo a guerra e as tréguas de 2001, foram canceladas. Desde então os militares governamentais têm recebido apoio externo e cada dia que passa, há um qualquer ataque, quer do T.L.T.E., como do governo. Ambos os lados acusam-se de práticas subversivas que minaram o Cessar-fogo. A 1 de Dezembro de 2006, o secretário do Ministério da Defesa, Gotabaya Rajajakse, deu entrada no hospital de Colombo, devido a ferimentos causados por um atentado bombista. O governo não tardou em condenar o ataque e em culpar o T.L.T.E., devido ao “modos operandi” do ataque.
Infelizmente o clima de terror mantêm-se aceso, no Sri Lanka e não deixa lugar a perspectivas animadoras para os próximos anos nesta ilha.
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