segunda-feira, 15 de março de 2010

XXXII Congresso do PSD

Santana reúne 2.500 assinaturas necessárias para obrigar à realização de um congresso extraordinário, que visaria o espevitar do partido e algumas alterações estatutárias. Por entre desinteresses [Aguiar-Branco não vê “problema nenhum”] e desânimos [“Sinceramente, acho que talvez não fosse altura para isso” Paulo Rangel; não há "ambiente político" para a realização do congresso, Rui Manchete (presidente da mesa)] o congresso “Pensar Portugal” aconteceu.


Santana perdeu mão sobre o processo e previsivelmente o congresso acabou por se transformar num palco de batalha para as directas, uma espécie de mega comício.

Alguns momentos dignos de registo:

- Ao entrar para o congresso Manuela Ferreira Leite choca com uma floreira de pedra e uma câmara de televisão.

- Discurso de abertura de Manuela Ferreira Leite: “Sabíamos que a história nos ia dar razão. Não nos arrependemos.” [?]


- Confirmação de Castanheira Barros como o candidato “Verde” que ninguém sabe bem o que lá está a fazer. “Eu tenho um pro¬jecto, I have a pro¬ject, j'ai un plan, tengo un plano".

- O episódio anedótico de Alberto João e Passos Coelho
Passos Coelho: “Não é só o senhor que sabe perdoar ao engenheiro Sócrates, eu também sei perdoar e também espero que saiba perdoar."
Alberto João levanta-se e vai se sentar ao pé de Paulo Rangel…

- O stand up do Presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Fernando Costa:
“Eu nunca concordei com a Ferreira Leite, para presidente do partido e ela sabe. Cumpriu a sua missão… pois cumpriu. Perdeu… lamenta… também eu. Mas pelo menos eu avisei-a que era difícil ganhar. Meu caro Santana Lopes, fui o único no conselho nacional que disse: Santana… Santana… Sampaio vai tramar-te… vai a eleições, tens maioria absoluta, vai governar 4 anos. Eu espero que nunca mais te esqueças daquilo que eu te ensinei, meu caro Santana.

Ainda não vi aí o Pacheco Pereira, mas digam-lhe que eu estou muito ofendido com ele, quando ele disse que quem apoia Passos Coelho é o pior que há no PSD.

Passos Coelho mal te conheço… tens 30 anos de partido mas não tens andado por onde eu tenho andado. Não me apupem porque eu só conheço o Passos Coelho há 2 anos. A primeira coisa que eu te exijo se ganhares, é que não faças aos outros, aquilo que aqueles senhores te fizeram a ti….[chega alguém com uma garrafa] Agora não preciso de água, traga-me mas é um copo de vinho. Isso é para meninos de leite.”


Relegadas para segundo plano, a maioria das alterações estatutárias de Santana ficaram pelo caminho, mesmo a recuperada segunda volta na eleição do presidente do PSD, que Santana deixou cair, não passaram.

Uma das gloriosas excepções à regra foi a “lei da rolha” em que mais coisa menos coisa passa a ser infracção grave dizer mal da direcção do partido, a partir de 60 dias antes de actos eleitorais. Para uma coisa chata como esta da liberdade de expressão, nada como um bom delito de opinião. 352 votos favoráveis, 102 abstenções e 76 votos contra para um congresso que olha a actual direcção com desconfiança por motivos semelhantes [coisa que pesa na candidatura de Aguiar-Branco], não deixa de ser um feito. Ninguém diria que este é o PSD que passou o período eleitoral a falar de asfixia democrática. Um PSD mais perto da direcção que excluiu Passos Coelho do que aquilo que gostariam de admitir. O que foi aprovado não deixa de ser uma extensão perversa do Sistema de Purga do PSD. Enfim… Para além da impraticabilidade da “medida”, note-se que esta não mereceu o apoio dos candidatos a líder.

 
[Imagem retirada de Jornal de Negócios]

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