terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sistema de purga do PS


O PS já pôs um marcha os processos de expulsão dos militantes socialistas que se candidataram e apoiaram listas independentes para as autárquicas. Uma limpeza via disciplina partidária.



De acordo com os estatutos do partido socialista a pena de expulsão é aplicável quando o(a) visado(a) incorreu numa falta grave:

“Considera-se igualmente falta grave a que consiste em integrar ou apoiar expressamente listas contrárias à orientação definida pelos órgãos competentes do Partido, inclusivé nos actos eleitorais em que o PS não se faça representar.” Número 5, art.94, dos estatutos do PS

Isto significa que Narciso Miranda [Matosinhos], Maria José Azevedo [Valongo], Manuel Vieira [freguesia de Santo Ildefonso], e restantes, assinaram a sua própria saída do PS.


Sempre vi este tipo de disciplina partidária como pouco democrática, pois denuncia a faceta mais autoritária da política, coisa que não tem lugar num mundo engrandecido pelo pluralismo de ideias e opções. Qual é a razão para tal regra, que não seja o controlo, controlo… rédea curta, e em última instância formatação comportamental apontando para a mental. Ninguém poderá afirmar que apoiar uma candidatura independente [ou mesmo integrá-la], equivale a deixar de ser socialista. Senão, o que dizer sobre os que apoiaram Alegre para as presidenciais? Anti-PS?


Se é que a expulsão por estas razões fez alguma vez sentido, hoje em dia, uma purga deste género é no mínimo desadequada. Para esse mesmo efeito já bastam as movimentações de bastidores que são autênticas purgas, mas das relações de poder partidárias.


Um pensamento em tudo semelhante ao que fundamenta a validade de uma disciplina partidária rígida é o do sentido de voto. O próprio Satanás acorda se um militante mais graduado alguma vez disser que não votou no seu partido. A quase obrigatoriedade do voto independentemente das pessoas e ideias é em tudo perturbador [ideia desenvolvida aqui]. No entanto não sei o que é pior:
- Se a tentativa de automatizar os militantes;
- Se a admissão de que a orientação de um partido é tão limitada, que oferece sempre uma via, a única para uma pessoa que em plena consciência abraçou um determinado partido;
- Se a ideia peregrina de que perante a decisão, o que eu considero melhor para o país [ou distrito, etc.], ou o que o partido considera ser melhor, um bom militante não pensa por si.

   Enfim…

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