sexta-feira, 19 de setembro de 2008

PSócrates "O Nobre"




A propósito dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo: "Ficou decidido que o PS condenará o oportunismo político do Bloco de Esquerda, mas a questão da disciplina de voto ficará assente na próxima reunião" Strecht Ribeiro

Talvez o PS não considere que esta seja "uma forma nobre de fazer política".

Uma forma nobre de fazer política é prometer [agora] “construir "pelo menos um campo relvado" em todos os concelhos do país” [ou distribuir um kit autonómico, mas isso é outra história].

Uma forma nobre de fazer política é acusar a oposição de bota-baixismo, ao mesmo tempo que criticamos a oposição fazendo uso desse bota-abaixo.

Uma forma nobre de fazer política é justificar o desempenho económico português, só com as crises externas.

Uma forma nobre de fazer política é rejeitar três projectos, permitindo que hajam excepções duvidosas, dada a falta de transparência [Sociedade Frente Tejo].


Uma forma nobre de fazer política, é criar o Dia do Diploma e pôr o Primeiro-ministro a entregar prémios de mérito de 500 euros a alunos, enquanto a Ministra da Educação critica posturas e o “mundo da intriga política”. Por conseguinte, uma forma nobre de fazer política é proteger a imagem do Primeiro-ministro a todo o custo. Pois temos um Primeiro que foge “a sete pés” de tudo o que é negativo, deixando esse trabalho para os “lacaios”, abarbatando todo o que de positivo existe.

Uma forma nobre de fazer política é usar o princípio do mandato para agir autoritariamente, passando por cima de tudo e de todos [com a força da maioria parlamentar], para no fim entrar em modo eleitoral, finalmente se preocupando com as questões sociais e com os investimentos.


Fala em legitimidade, vejam bem. A mesma pessoa que navegou por entre um mar de protestos, à escala nacional, como se nada houvesse. O que falta, é PSócrates perceber que o povo deu-lhe maioria, e não carta-branca. Porque isso é o que está na mente de todos aqueles que pensam a maioria como a única forma de governar [será essa a mais nobre?]. Sei bem que na cabeça do Primeiro-ministro foram os comunistas que se manifestaram, e até pode pensa-lo, não tem é o direito de confundir firmeza com obstinação.

Uma forma nobre de fazer política é seguir "a regra decisória do grupo parlamentar, livremente assumida por todos os deputados, é a regra da decisão colectiva e da disciplina de voto” [quer concordem, quer não].

Uma forma nobre de fazer política é ter-se uma agenda política e uma outra eleitoral. Faz-se o drama, porque o casamento entre pessoas do mesmo sexo não faz parte do programa do Governo. Será que tudo o que este governo fez, foi mediante a anuência dos seus eleitores, pois fazia parte do programa do Governo? Conheço algumas pessoas que em Sócrates votaram, e agora sentem-se ludibriadas… devem ser excepções… Por ser má-língua, penso que nesta questão, o PS está mais preocupado com os votos que poderá perder no Portugal profundo, do que noutra coisa [em detrimento dos seus próprios princípios]. Mas isso sou eu, má-língua.

Uma forma nobre de fazer política é cultivar os grandes interesses sujeitando-os à conveniência do seu momento [ou sujeitando o momento à conveniência dos interesses]. Bem pode Sócrates cobrir-se de “patriotismo progressista”, jogando fumo para os olhos com a escola moderna, com "mini-pacotes fiscais", ou com sonhos de outrora, pois isso não apagará o PSócrates autoritário e intransigente... isso não apagará o PSócrates que pretende fazer agora, aquilo que durante anos deixou de lado.

PSócrates que fique bem ciente, que ao ganhar as eleições, fá-lo-á por demérito da oposição e não por mérito próprio.

Aqui fica a sondagem CM/Aximage, publicada no Correio da Manhã:

“38,7 por cento dos inquiridos prefere José Sócrates para primeiro-ministro.”
“30,3 por cento escolheu Manuela Ferreira Leite.”
“56,3 por cento dos inquiridos diz que o Governo está a actuar 'pior do que esperava'”

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