segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Manuela em grande


A líder do PSD manteve até ao fim o seu voto de silêncio, acabando por discursar na Universidade de Verão do PSD. A julgar pela ideia de Marcelo Rebelo de Sousa [via Planetas Politik] o silêncio até foi positivo. Por mim continuo a pensar que foi positivo sim, mas para o PS. Não estou com isto querendo dizer que tal estratégia seja má só por si. Refiro-me sim a esta estratégia sob estas condições. Mesmo com todos os benefícios que lhe possamos atribuir, o silêncio de Manuela Ferreira Leite, acabou por maximizar os estigmas associados à sua imagem e à imagem do PSD, ao invés de aproveitar o ímpeto da sua eleição para pôr fim aos mesmos. Ao perpetuar o silêncio, conseguiu manter a ideia de um PSD dividido, dando azo a que uns e outros [de fora e de dentro] se rebelassem contra a inexistência de oposição. Com a brincadeira do Pontal e ainda por causa do silêncio, conseguiu também cimentar a sua imagem elitista, dura e distante.



Muitas foram as oportunidades desperdiçadas que só foram aproveitadas agora no discurso, quando os temas já “congelaram”. Mesmo se tivermos em conta a teoria da “excepção”
de Pacheco Pereira, justificada com o “palavreado das anteriores lideranças do PSD”, não podemos deixar de constatar que criou-se um vazio demasiado extenso. Existe um intermédio saudável entre o constante regurgitar de intervenções, e a completa inexistência dessas. Neste caso seriam as intervenções localizadas que ganhariam pontos. Como se não bastasse, foi bem a meio do frenesim mediático sobre a insegurança que o PSD saiu-se com a pepita da demissão do Ministro da Administração Interna. A piada toda é que até do PCP e do CDS-PP vieram vozes criticas a esta exigência [como é obvio]. Se é verdade que o PSócrates tem uma estratégia de comunicação enorme [e funcional], também é verdade que o PSD parece nunca ter ouvido falar de tal bicho.



Em todo o discurso, Manuela Ferreira Leite, limitou-se a fazer um apanhado dos pontos fracos da governação socialista. Falou: na desvalorização da acção política e dos políticos; na máquina anti-democrática de comunicação socratista [com uma pequena ajuda do Abrupto]; nas falhas dos projectos apresentados [quer pela enormidade, quer pela não existência]; no autoritarismo; nas leis em cima do joelho; nas recentes operações tampão levadas a cabo pela policia; na politica económica; na corrupção e no sectarismo partidário [se bem que deposita sobre o actual governo um ónus excessivo]. Aflorou a saúde, a agricultura, a justiça, o desemprego, enfim… Falou muito e não disse nada. Nada que não tivéssemos à espera. Numas visitas mais ou menos regulares a blogues podemos encontrar muito, muito mais. Poderia também mencionar o aspecto deprimente de todo o discurso que em nada auxilia a sua campanha, mas isso é uma questão de feelings.



A falta de impacto é notória em toda a estratégia eleitoral que está [até agora] a ser desenvolvida pelo PSD. Os aspectos mais marcantes do dia do “grande discurso”, foi a Red Bull Air Race, com a voltinha de Menezes [e o seu, alguns políticos não gostam é do chão, onde podem encontrar cidadãos], e o Acapulco do CD de Castelo Branco [enquanto se pavoneava pela festa não sei do quê]. Muitos portugueses partilham do, "não ouvi nada. Não sei o que se passou, por isso não faço comentários", de Alberto João Jardim. Que por incrível que pareça, ultimamente, anda a fazer melhor figura [no que toca a oposição] do que a líder do partido. O PSD e Manuela Ferreira Leite têm que se tornar mais activos e dinâmicos, sob pena das próximas eleições serem entregues de mão beijada a PSócrates [que está a fazer pela vida]. Agora a líder vai andar entretida pelas distritais do partido espalhando a semente, porém tem que se lembrar que o mundo natural é mais do que o seu próprio jardim.

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