domingo, 5 de outubro de 2008

Do nosso 5 de Outubro


Tempo de celebração num Portugal atulhado de boas intenções, que de vazias têm tanto como de vãs.
É o 5 de Outubro português onde se brincam às politiquices, no mesmo lugar onde se põe a descoberto o Lisboagate de um país que muitos “gates” ainda tem por descobrir.
É o país que comemora o advento da República, mesmo quando ainda não se livrou de muitos dos fantasmas que nos assolam desde 1910.


O Presidente da República falou da nossa realidade… os “tempos difíceis”, e os “fracos índices de crescimento económico”...

O que é vivido pelos cidadãos não pode ser iludido pelos agentes políticos. Quando a realidade se impõe como uma evidência, não há forma de a contornar”.
(…)
Afastámo-nos dos níveis de prosperidade e de bem-estar dos nossos parceiros europeus. Ainda não invertemos a insustentável tendência do endividamento externo
” Público

Cavaco Silva também apelou aos portugueses para que se mobilizem e não baixem os braços perante as dificuldades. Fico é com pena que aos portugueses o Presidente se dirija directamente, enquanto que aos políticos deixe-se ficar num mar de indirectas.

O que vale é que José Sócrates não deixa dúvidas… O Presidente estava a falar para ele. Embebido na sua retórica de algibeira [algo que é muito comum no PSocratismo], o Primeiro-ministro não deixou de encontrar uma "consonância perfeita" entre o PR e o Governo. Consonância essa que de tão perfeita até cheira a conversa fiada.

"..ambição no sentido de que sejam enfrentadas as dificuldades não apenas portuguesas, mas de todos os países europeus e dos Estados Unidos" Público

Fala em fraca prosperidade, Sr. Presidente? Falo na crise de fora… Sim, porque o Governo não tem uma pinta de culpa sobre a situação actual da nossa economia. O problema vem de fora [mesmo que ainda não tenha chegado] e PSócrates não nos deixa esquecer esse ponto, usando-o como tábua de salvação para esconder a ineficácia das suas políticas.

Fala em défice, Sr. Presidente? Falo em estabilidade das contas públicas… Sim, o milagre da resolução das contas públicas. Com tanta pompa e circunstância tal bandeira foi içada, não deixando margem para dúvidas que os nossos problemas já iam longe [longe do zero ou do crescimento sustentado entenda-se]; de tal maneira que até a maioria da nossa letárgica oposição, prefere surfar na chamada onda de criminalidade, a tocar na economia. ["haja verdade"]

Fala em portugueses que sofrem, Sr. Presidente? Falo nuns teóricos 130 mil idosos que escaparam à pobreza, e numas quantas medidas sociais… Sim, as medidas sociais de um Governo que começou a ser social, lá por volta de Maio \ Junho [deste ano], com os olhos postos no ano eleitoral que se avizinha, jogando para “debaixo do tapete” a imagem de um Governo autoritário e inflexível que vinha ganhando forma [mérito do PSocratismo].
Agora os cidadãos são importantes… ou deveria antes dizer eleitores?


Assim se honra a República, assim se faz Democracia… bom 5 de Outubro.

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