quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O Populismo e a Demagogia [3]


A demagogia e populismo tornaram-se mote para aqueles que pretendem descredibilizar a posição contrária, como se a mera menção destas palavras resolvessem só por si as questões. Tornou-se moda acusar outros de demagogos e populistas, quando estes perfilam uma ideia de politica económica ou social diferente [ou até mais realista, digo eu], de tal forma que chega a ser demagógico ser-se anti demagógico ou anti populista. Se sairmos do âmbito daquele que é o status quo das políticas económicas e/ou sociais, somos automaticamente considerados demagogos ou populistas. Na verdade, quando acusamos alguém de populismo, isso diz mais sobre aquilo que pensamos de nós próprios. Ao proferir tal acusação estamo-nos a dar como detentores de uma legitimidade racional ou de um realismo verdadeiro que ultrapassa as visões daqueles que se nos opõem.

De facto, existe um conjunto de medidas ou ideias que garantem só por si o rótulo de demagogos e/ou populistas, tais como: baixar impostos; aumentar as pensões mais baixas; actualizar os salários e reduzir a discrepância entre altos e baixos salários; taxar "lucros especulativos” exagerados; corrupção; falar na promiscuidade entre política e negócios; ser contra algumas liberalizações; falar de parasitismo nas bancadas parlamentares; denunciar uma insensibilidade social na política e na administração pública; classificar a méritocracia de agora como cunhocracia. Não poderão os exemplos acima descritos ser a forma de resolver muitas questões que nos assombram hoje em dia? A titulo de exemplo, quando estão os gestores ou altos cargos em causa, é necessário atrair os melhores, oferecendo-lhes as melhores condições, e considerar que a “dignidade” dos cargos passam pela qualidade da remuneração. Quando estão em causa os restantes, aplicar os mesmos critérios torna-se demagógico, sendo necessário o congelamento de progressão na carreira, dos salários, cortes nisto e naquilo… E que resultadão tem isso dado… Está aliás à vista de todos. Noutro exemplo, falar em baixar os impostos é sacrilégio. “Alguns” [e algumas:] até acham que devia ser proibido falar nisso. Quem pensa que o maior problema está na despesa desmesurada e não na diminuta receita, que se amanhe. Como?... Populista?... Com muito gosto…

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